A irreverência de um professor que faz a diferença


No post de segunda-feira começamos a falar sobre o estereótipo do educador que tenta fugir do padrão conservador das escolas, a partir dos filmes Sociedade dos Poetas Mortos e O Sorriso de Mona Lisa. Ninguém melhor para nos contar se existe esse tipo de professor, que procura transformar os alunos e o ensino em si de forma irreverente, do que um educador que durante sua carreira já trabalhou desde a educação infantil ao ensino superior.

O professor doutor em Educação, Willer Araújo, que atualmente trabalha na Universidade Federal de Viçosa (UFV), atua na área desde 1978. Por meio de aulas que fogem do padrão formal, Willer afirma que busca dialogar com as pessoas do lugar onde elas estão, e tenta a partir disso fazer um avanço de maior rigor de reflexão e de maior sistematicidade para que o conhecimento e as experiências daquelas pessoas se fortaleçam.

Sabendo da fragilidade desse processo e da dificuldade de traçar o perfil de uma turma, o professor ressalta que altera o desenho didático continuamente e que, às vezes, consegue fazer acertos mais efetivos. "Eu costumo dizer que se eu chego ao final do curso com 10% dos meus estudantes sensíveis ao trabalho que fiz, já tive sucesso". 

Willer despertou para a necessidade de ser um diferencial na educação quando deu aula no curso de Magistério, enquanto cursava a graduação. No local onde são debatidos os fundamentos de educação, como os conteúdos e métodos para uma qualidade docente. Desde então, o professor adota uma postura mais radicalizada no sentido de "forçar" um diálogo com os estudantes. Ele parte do princípio de que não há forma sem conteúdo e não há conteúdo sem forma. Por isso, para transmitir um conteúdo transformador, o professor precisa adotar também uma forma transformadora.

O professor acredita que, dentro da UFV, a menor parte dos professores trabalha nessa perspectiva de construir um diálogo com os alunos. Pelo motivo também de os estudantes chegarem na Universidade em uma espécie de servidão voluntária (conceito do autor do século XVI, Etienne de La Boétie, o qual diz que em um lugar hieraquizado, com verdades estabelecidas, o padrão é o servil).

Por agir de forma diferente, Willer acha que produz resistência nos alunos, nos demais professores e na própria instituição que acham satisfatório o professor cuidar dos alunos na sala de aula. Ele diz que não sofre preconceito, mas que muitas vezes pode ser estereotipado como o professor que não segue uma linha só. Isso não o incomoda uma vez que assume uma postura institucional

"Por mais que eu seja um professor aloprado, no sentido de subir na carteira, para lembrar do filme Sociedade dos Poetas Mortos, com Robin Williams, e por os alunos para subir nelas também, para ver o mundo de outra maneira, eu tenho meu rigor. Eu sou uma pessoa cordial e uma pessoa do diálogo. Eu não sou uma pessoa ressentida e isso inquieta muito os meus adversários", disse.

Na próxima semana você confere o estereótipo do policial no cinema. Não perca e boa sessão! 

Samanta Nogueira

1 comentários:

Carlos d'Andréa disse...

Boa sequência! Senti falta do professor carrasco! Os Incompreendidos, de Truffault, é um ótimo exemplo.

Outra coisa: gravem o áudio das entrevistas com especialistas e publiquem um trecho!

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