Ensinando a pensar livremente


O post de hoje é sobre professores a frente de seu tempo que lecionam em colégios ortodoxos dos EUA. Um dos maiores exemplos é o personagem John Keating, de Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, EUA), filme de 1989 vencedor do Oscar de melhor roteiro. Com direção de Peter Weir, a obra conta a história de um ex-aluno de uma escola preparatória norte-americana ultraconservadora, a Welton Academy, que se torna professor de literatura no colégio. 

 
Trailer de Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, EUA, 1989)



John Keating, interpretado por Robin Williams (biografia em inglês), chega à instituição em 1959 e seus métodos de ensino irreverentes chocam alunos, colegas e a direção do internato. Mas os estudantes acabam se apaixonando por suas idéias, principalmente, a idéia de viver a vida intensamente, de aproveitar todos os momentos, a qual o professor propagava pelos corredores do internato: "Carpe diem!" ("Aproveite o dia!", em latim). O professor, que estimulava os alunos a pensarem por si próprios, acaba tornando-se um modelo para os estudantes, os quais o chamavam de "O Captain! My Captain! ("Oh Capitão! Meu Capitão!", em inglês, em referência ao poema de 1865 que Walt Whitman escreveu sobre Abraham Lincoln). 


Interessados em saber mais sobre o professor, os jovens vasculham os  antigos registros de alunos e descobrem que Keating foi membro de um grupo denominado "Sociedade dos Poetas Mortos". O professor conta a eles que a sociedade era um grupo que se reunia para ler poesia e os alunos, entusiasmados, juntam-se para fazer com que a sociedade ressurja. A partir daí, eles passam a se reunir durante a noite em uma caverna não só para recitarem poemas, mas, também, para exercerem sua liberdade.


Mais recentemente, em 2003, foi lançado o filme O Sorriso de Mona Lisa (Mona Lisa Smile, EUA), que conta a história de uma professora nada ortodoxa que é admitida em um colégio preparatório feminino muito conservador. Como observa o professor João Luís de Almeida Machado no site Planeta Educação, muitos consideram o filme uma versão feminina de Sociedade dos Poetas Mortos. 

 
Trailer de O Sorriso de Mona Lisa (Mona Lisa Smile, EUA, 2003) - em inglês


Katherine Watson, vivida por Julia Roberts, é uma professora de História da Arte que sai da Califórnia para lecionar no Wellesley College em Massachusetts. O sonho dela era dar aula nesse colégio, pois achava que poderia revolucionar as idéias conservadoras das estudantes e, assim, estaria mudando o mundo.


Diferentemente do professor Keating de Sociedade dos Poetas Mortos, Katherine Watson levou mais tempo para ser bem aceita por suas alunas, principalmente por uma delas (Betty Warren, vivida por Kirsten Dunst). As moças eram tradicionalistas tanto em relação à arte (disciplina lecionada por Watson) quanto às idéias de emancipação feminina que ela vivia e pregava. A professora não concordava com o destino que aquelas mulheres iriam tomar: “Esse lugar é uma escola de boas maneiras disfarçada de escola preparatória. Achava que essa escola preparava líderes, não as mulheres deles.”


O que há de comum entre os professores dos dois filmes é que além de eles quererem mudar a visão de seus alunos quanto à literatura, no caso de Keating, e quanto à arte, no caso de Watson, é que há a tentativa de transformá-los em pensadores e donos de suas próprias vidas.

Ainda nessa semana, você confere uma entrevista com o professor Willer Araujo do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa sobre o estereótipo de professores irreverentes em instituições de ensino conservadoras.

Titina Cardoso




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