Verdade é poder


“Aventureiro, defensor dos fracos, íntimo dos poderosos, solitário, trabalhador sem horário, nómada por dever de ofício, detentor de segredos, céptico quanto à redenção da humanidade, companheiro da noite, o jornalista (ou antes, a imagem que a sociedade faz do jornalista) é das raras ocupações contemporâneas que, no seu estado puro, dispõem de uma aura suficientemente romântica para inspirar qualquer argumentista de cinema.” Essa definição do jornalista português Joaquim Vieira retrata bem a imagem que o cinema ajudou a construir desse profissional. (Veja no artigo Mr. Gutenberg goes to Hollywood.)

Transitando entre o herói e o vilão, o jornalista está nas telas há mais de cem anos. Essa relação entre cinema e jornalismo foi discutida no mês passado em uma edição do Programa Rede Mídia, da Rede Minas. Assista um trecho do programa que fala sobre as facetas dessa profissão:

No post de hoje, vamos falar mais especificamente sobre o jornalista herói, combatente e defensor da sociedade. Muitos filmes fazem essa abordagem, como A Luz é Para Todos e Boa Noite e Boa Sorte. Mas, talvez, um dos melhores exemplos seja o já clássico Todos os Homens do Presidente (All the President's Men, Alan J. Pakula, 1976).

Baseado no livro homônimo dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, o filme retrata o Caso Watergate, desvendado pelos próprios Woodward e Bernstein quando trabalhavam para o jornal americano Washington Post.

O filme passa a imagem de um jornalismo combativo e que leva o melhor para o os cidadãos. O jornalista é o profissional que busca a verdade acima de tudo, um verdadeiro herói para a sociedade.

Para falar mais sobre Todos os Homens do Presidente, entrevistamos o jornalista e professor da Universidade Federal de Viçosa, Ricardo Duarte. Ele fala da influência da obra em sua escolha profissional e faz uma análise do contexto histórico em que a trama está inserida. Segundo ele, na década de 70, o jornalismo era bastante associado à ideia de investigação política. Além disso, ele fala sobre a inclinação do jornal Washington Post às ideologias do partido democrata.

O professor lembra que a imagem do filme é romanceada, sendo perigoso classificar o jornalista como herói absoluto. Mas destaca que o cotidiano jornalístico retratado por Todos os Homens do Presidente é bem real.

Ricardo também fala sobre a influência que a idéia de jornalismo passada pelo filme teve sobre ele. Ele ressalta algumas caracterísitcas como a vontade de publicar e a busca pela verdade durante o trabalho.

Na próxima semana, você confere um post sobre o outro lado do jornalista: o vilão.


Fernanda Pônzio e Titina Cardoso


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