O publicitário mentiroso no cinema


“No mundo da publicidade não existe mentira, apenas exagero”. Essa é uma fala de Rogher Thornhill (Cary Grant) no filme "Intriga Internacional", de Alfred Hitchcock e a mais apropriada para abrir esse post dedicado ao estereótipo do publicitário no cinema.

O publicitário está no imaginário das pessoas como um profissional que manipula outras pessoas para fins comerciais. Para tanto, um dos seus "talentos" retratados no cinema é a mentira. Esse estereótipo explorado nos filmes pode ter sido criado pela atuação de alguns profissionais, como destaca o redator publicitário, Renan Corrêa, no post do Casa do Galo "O estereótipo do publicitário em filmes".

Não podemos negar que muitas vezes somos enganados pelas embalagens, outdoors, publicidades nos meios televisivo e impresso e nos decepcionamos com os produtos comprados. A maioria dos alimentos é muito apetitosa apenas na embalagem. Mas como seria se um profissional de publicidade decidisse ser completamente sincero?

Emory Lesson, vivido por Dudley Moore, no filme Crazy People - Muito Loucos (1990), é um publicitário que decide, após uma crise de honestidade, dizer apenas a verdade sobre o produto da sua nova campanha. Seu chefe - Charles Drucker (J.T. Walsh) - recusa a ideia e ainda o interna em um sanatório. Mas o material da campanha começa a ser veiculado por engano e vira um sucesso. Drucker, então, assume os créditos do novo conceito de publicidade, sem mencionar Emory.


(Cena de Crazy People - em inglês)


O filme é uma "sátira à publicidade que funciona". Além de fazer a clara crítica em relação a postura ética do profissional por meio do personagem principal e do chefe (que não é ético ao "roubar" a ideia ex-funcionário), nos faz refletir sobre a necessidade de persuadir o consumidor. Como seria a recepção de um produto que mostra a realidade na embalagem? Questão muito mais complexa a ser trabalhada em outro momento, mas que pode ser pensada no nosso dia-a-dia.

Como recusar também que o publicitário - além de ser estereotipado - utiliza, muitas vezes, estereótipos em diversas campanhas. A todo momento vemos representações de diversos grupos e indivíduos nas publicidades. "(...) imagino que o uso de estereótipos e dos contra-estereótipos é inevitável na publicidade", afirma Marcos Emanoel, professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal da Bahia, em "Estereótipos, publicidade e psicologia social".

Você confere ainda esta semana mais sobre a discussão do estereótipo do publicitário no cinema.
Boa sessão!

Samanta Nogueira
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