O advogado e os dois lados da mentira


O profissional desta semana aqui no blog é o advogado. O filme que escolhemos para tratar desta profissão é "O Mentiroso" (Liar Liar, EUA, 1996/97) do diretor Tom Shadyac. Na trama, o advogado Fletcher Reede (Jim Carrey) usa a mentira como principal ferramenta em sua profissão. Fletcher se depara com uma situação complicada depois que seu filho deseja em seu aniversário que o pai não possa mentir por 24 horas. O advogado passa por um dia difícil, ainda mais, quando tem que defender uma mulher no tribunal que trai o marido e quer se separar dele. Sem poder mentir o personagem vivido por Jim Carrey acaba mostrando seu verdadeiro caráter para seus colegas de trabalho, amigos e até o filho.


(Trailer oficial do filme O mentiroso - em inglês)

O diretor Tom Shadyac fez vários filmes de sucesso e realizou outras parcerias bem-sucedidas com o ator Jim Carrey.

O estereótipo de advogado mentiroso mostrado no filme foi o assunto do bate-papo que o Profissão em cena teve com o professor Gabriel Pires, coordenador do Laboratório de Prática Jurídica do Departamento de Direito da Universidade Federal de Viçosa. Na entrevista, Gabriel Pires fala, que no caso do estereótipo do advogado "malandro" apresentado no filme O Mentiroso, "o cinema incorporou a prática social".

Para o professor, a utilização de meios condenáveis, como a mentira, podem demostrar "desespero" para conseguir um espaço no mercado. Em outros casos é uma situação de vaidade. Mas ressalta que este tipo de advogado não é regra. Gabriel, ainda acrescenta que, muitas vezes, "é o próprio cliente que cobra uma postura pouco ética do advogado" na vontade de alcançar um resultado favorável a qualquer preço. Ele aproveita e destaca o papel da universidade na formação ética dos estudantes. Ele acredita que "hoje nós vivenciamos uma fase de banalização dos cursos de direito".

O professor assume que já mentiu, mas considera que existem dois tipos de mentira: a boa e a ruim. Para Gabriel, a "mentira" no direito é necessária para que este evolua, pois uma coisa que é condenável hoje pode não ser amanhã. Mas quando se refere a uma mentira, faz questão de destacar que tudo deve ser feito no "limite da lei". Para saber se uma mentira é boa ou ruim, Gabriel tem um critério: se causar prejuízo a alguém, a mentira é ruim, se não, nem faz mal.

No próximo post, quinta-feira, você confere um podcast com os melhores trechos da entrevista com o professor Gabriel Pires.


Pedro Ivo e Titina Cardoso

2 comentários:

ana disse...

essa saída foi boa, mas o que é Bom ou Ruim? o juízo é, possivelmente, individual.
e o que é a tal da ética? esta é a ponte pra pergunta da ferramenta mais interessante do direito: e o que é justiça, não é mesmo?

vagens à parte, mais do que o advogado, o direito em si é caricaturável... é a forma rococó de pensar a justiça e, portanto, de fazê-la instrumento de manipulação. numa sociedade perfeita, não existiriam pessoas para advogar pelos outros - yeah, fim do diploma do direito. e isso não é vingança. hihihi.

beijocas

Pedro Ivo Nunes disse...

Ana, Baiana, realmente se discutir o que é bom ou ruim é bem subjetivo. Para cada pessoa tem um significado. Quanto à justiça, considero que seja um ideal, se vai ser alcançado, fica a dúvida...
Mas acho que qualquer pessoa, no fundo, sabe se está prejudicando alguém ou não. Sei lá...quem sabe?

Quanto ao direito ser instrumento de manipulação, estou estudando um pouco mais para ter uma opinião mais concreta! Este comentário foi pessoal.

Mas a equipe do Profissão em cena agradece suas visitas e pede que continue com os comentários, sempre são muito bons.

Abraços.

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